Prefeitura apresenta experiências exitosas da educação de jovens, adultos e idosos na rede municipal de ensino

• Atualizado há 1 ano ago

Da janela de um casebre ela rabisca as primeiras letras e sonhos no papel, e parece encantada com a descoberta. O nome dela é Maria, tem cinco anos, e mora na roça com a família. A mãe, uma mulher sofrida do sertão nordestino, logo a desestimula dizendo “não perca tempo tentando ‘desenhar’ o seu nome”.

A narrativa descrita acima, está no curta-metragem “Vida Maria”, produzido em computação gráfica por Márcio Ramos, em 2006. O filme conta a história de três gerações de mulheres de uma mesma família, para abordar a educação como fator primordial para transformar a vida das pessoas.

A exibição do filme e as reflexões que ele provoca deram início às atividades da Coordenação de Jovens, Adultos e Idosos (Coejai), da Secretaria Municipal de Educação (Semec) na noite desta quinta-feira, 18, no âmbito da programação da Jornada Pedagógica 2024, que acontece no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia.

Pela primeira vez, a rede municipal da Educação reuniu uma turma diversa e plural para uma roda de conversa pautada na educação de jovens, adultos e idosos e suas múltiplas identidades, sob a organização do professor Miguel Picanço, que coordena a Coejai. “É uma ação inovadora, eu diria revolucionária, ouvir as histórias dos protagonistas dessa modalidade de ensino e de que forma a Ejai contribui nos projetos de vida desses estudantes”, destaca o professor.

“A ideia é visibilizar as pluriversidades desse sujeitos em processo de alfabetização. Trazer para a centralidade da pauta a escuta sensível dessas pessoas, saber mais sobre seus projetos e perspectivas diante dessa modalidade de educação e de que forma ela contribui para a realização dos sonhos desses estudantes”, completa o educador.

Num auditório lotado de professores, coordenadores e estudantes da Ejai, as histórias se assemelham. O passar do tempo sem direito à educação, ao estudo, o ciclo que perpetua desigualdades, e a luta e resistência para superar as adversidades e seguir em busca da escrita, da leitura e do mundo lá fora. 

Histórias que inspiram

Bruna Denise Silva do Carmo, 27 anos, conta que no ano passado decidiu voltar para a sala de aula. “Eu abandonei os estudos aos 15 anos, quando engravidei da minha primeira filha e decidi parar de estudar para cuidar dela. Mas agora, por mim e por ela, que me incentiva e ajuda, voltei para a escola e vou chegar até a faculdade”, prevê Denise, com a certeza da vitória, ao completar: “meu sonho não será interrompido”.

O professor Adrielson Almeida, com experiência de 10 anos na modalidade de ensino para jovens, adultos e idosos, relata o amor e afeto necessários para quem se dedica a auxiliar esses estudantes. “Impossível não criar vínculos fortes, de cuidado e de muito aprendizado com eles”. 

Movimento para superar o analfabetismo

A Semec encerrou o ano de 2023 com 2.250 pessoas certificadas pelo  “Movimento Alfabetiza Belém”, um dos programas prioritários da Prefeitura de Belém, em parceria com os movimentos sociais e com as 38 escolas municipais que abrigam o projeto. Sob a coordenação da Coejai, a iniciativa pretende tornar a capital paraense livre do analfabetismo até 2025. Histórias de lutas, superação e resistência vão ilustrar a importância social e transformadora do “Alfabetiza Belém” na vida das pessoas.

A Prefeitura tem o compromisso de promover uma educação pública de qualidade e socialmente referenciada. Uma das ações prioritárias é o  “Movimento Alfabetiza Belém”, instituído em fevereiro de 2021, atuando em duas frentes de trabalho: com turmas da Educação de Jovens, Adultos e Idosos nas escolas municipais, e em espaços comunitários com o auxílio de instituições públicas e movimentos sociais. 

O público-alvo do programa são pessoas com 15 anos ou mais que por algum motivo nunca frequentaram a escola ou tiveram que abandonar os estudos. Com uma proposta diferenciada de promover uma educação pública de qualidade e comprometida em superar o analfabetismo, a gestão municipal tem como referência a pedagogia de Paulo Freire, que em 1963 alfabetizou 300 trabalhadores rurais em extraordinárias 40 horas na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. 

Texto:

Silvia Sales

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